Nota: esse texto é uma transcrição traduzida do discurso de Michelle Obama em 25/07/2016, na Convenção Nacional do Partido Democrata. Você pode assistir ao discurso no vídeo colocado ao final do texto.


Obrigada a todos. Muito obrigada a todos. Vocês sabem, é difícil acreditar que faz oito anos desde que eu vim a primeira vez para esta convenção, para falar com vocês sobre por que eu acreditava que meu marido deveria ser presidente. Lembrem-se como contei a vocês sobre seu carácter e convicção, sua decência e sua graça – as qualidades que vimos todos os dias em que serviu nosso país na Casa Branca.

Também contei a vocês sobre nossas filhas – como elas são o coração de nossos corações, o centro de nosso mundo. E durante nosso tempo na Casa Branca, tivemos a alegria de assistir a seus crescimentos de pequenas meninas borbulhantes para mulheres jovens e seguras – uma jornada que começou assim que chegamos em Washington, quando elas partiram para o primeiro dia na nova escola.

Eu nunca vou esquecer daquela manhã de inverno, enquanto assistia a nossas garotas, de apenas sete e dez anos de idade, entrando naqueles SUVs pretos, com todos aqueles homens grandes com armas. E eu vi suas pequenas faces pressionadas contra a janela, e a única coisa que consegui pensar foi, “O que fizemos?” Vejam, porque naquele momento, eu percebi que nosso tempo na Casa Branca seria a fundação de quem elas se tornariam, e quão bem gerenciássemos essa experiência poderia verdadeiramente formá-las ou quebrá-las.

Isso é o que Barack e eu pensamos sobre todos os dias, enquanto tentamos guiar e proteger nossas garotas através dos desafios desta vida incomum sob os holofotes – como nós as instigamos a ignorar aqueles que questionam a cidadania ou fé de seu pai. Como insistimos que a linguagem de ódio que escutam de figuras públicas na TV não representa o verdadeiro espírito deste país. Como explicamos que quando alguém é cruel, ou age como um abusador, você não se rebaixa a esse nível – não, nosso lema é, quando alguém vai “baixo”, nós vamos “alto”.

Em todas as palavras que pronunciamos, em cada ação que tomamos, sabemos que nossas crianças estão nos assistindo. Nós, como pais, somos os mais importantes modelos. E deixem-me contar a vocês, Barack e eu usamos essa mesma abordagem em nossas funções como Presidente e Primeira Dama, porque nós sabemos que nossas palavras e ações importam não apenas para nossas garotas, mas para crianças por todo o país – crianças que nos contam:

“Eu vi você na TV, escrevi um relatório sobre você na escola.”

Crianças como o pequeno garoto negro que olhou para meu marido, com olhos arregalados de esperança, e perguntou:

“Meu cabelo é como o seu?”

E não se engane; neste Novembro, quando formos às urnas, é isso que estamos decidindo – não Democrata ou Republicano, não esquerda ou direita. Não, esta eleição, e toda eleição, é sobre quem terá o poder de formar nossas crianças pelos próximos quatro ou oito anos de suas vidas. E eu estou aqui esta noite porque, nesta eleição, há apenas uma pessoa a quem acredito ser realmente qualificada para ser Presidente dos Estados Unidos, e é nossa amiga, Hillary Clinton.

Vejam, eu acredito em Hillary para liderar este país porque vi sua devoção de toda uma vida pelas crianças de nossa nação – não apenas sua filha, a quem criou à perfeição, mas todas as crianças que precisam de campeões: crianças que tomam o longo caminho para a escola para evitar as gangues; crianças que imaginam como conseguirão pagar a faculdade, crianças cujos pais não falam uma palavra de inglês, mas sonham com uma vida melhor. Crianças que nos olham para determinar quem e o que elas podem ser.

Vejam, Hillary passou décadas fazendo o trabalho incansável, mal reconhecido, para fazer a diferença nas vidas delas, advogando por crianças com deficiências como uma jovem advogada. Lutando por cuidados de saúde para crianças enquanto Primeira Dama, e por cuidados sociais de qualidade para crianças no Senado. E quando ela não ganhou a nomeação, oito anos atrás, ela não ficou raivosa ou desiludida. Hillary não fez sua mala e voltou para casa. Porque, como uma verdadeira servidora pública, Hillary sabe que isto é muito maior do que seus próprios desejos e desapontamentos. Então, ela orgulhosamente se reforçou para servir nosso país mais uma vez, como Secretária de Estado, viajando o mundo para manter nossas crianças seguras.

E olhem, houve vários momentos quando Hillary poderia ter decidido que esse trabalho era difícil demais, que o preço do serviço público era muito alto, que ela estava cansada de ser desmantelada por seu visual, ou seu jeito de falar ou mesmo seu jeito de rir. Mas aqui está o ponto – o que mais admiro em Hillary é que ela nunca cede sob pressão. Ela nunca toma a fácil escapatória. E Hillary Clinton nunca desistiu de nada em sua vida.

E quando eu penso sobre o tipo de Presidente que quero para minhas garotas e todas as nossas crianças, é isso que eu quero. Quero alguém com força comprovada para perseverar. Alguém que conhece este trabalho e o leva à sério. Alguém que entende que os desafios que um Presidente enfrenta não são “preto e branco” e não podem ser resumidos a 140 caracteres. Porque quando você tem os códigos nucleares na ponta de seus dedos e os militares sob seu comando, você não pode tomar decisões em um estalo. Você não pode ter sangue quente ou tendência a ira. Você precisa ser equilibrado, experiente e bem informado.

Eu quero uma Presidente com um histórico de serviços públicos, alguém cuja vida de trabalho mostra às nossas crianças que não perseguimos fama e fortuna para nós mesmos, que lutamos para dar a todos uma chance de sucesso – e no doamos, mesmo quando estamos nos debatendo, porque sabemos que sempre há alguém em pior estado; e lá, pela graça de Deus, é onde eu irei.

Eu quero uma Presidente que ensinará nossas crianças que todos neste país importam – uma Presidente que realmente acredita na visão que nossos fundadores projetaram há tantos anos: que nós somos todos criados iguais, cada um uma parte querida da grande história americana. E quando crises chegam, nós não nos viramos uns contra os outros – não, nós escutamos uns aos outros. Nós nos apoiamos. Porque nós sempre somos mais fortes juntos.

E eu estou aqui esta noite porque eu sei que esta é a Presidente que Hillary Clinton será. E é por isso que, nesta eleição, estou com ela.

Vejam, Hillary, entende que a Presidência é sobre uma coisa, uma única coisa – é sobre deixar algo melhor para nossas crianças. É assim que sempre levamos este país à frente – todos nós nos unindo em favor de nossas crianças – pessoas que se voluntariam para treinar aquele time, para ensinar naquela classe da escola dominical, porque sabem que é necessária uma comunidade. Heróis de toda cor e credo que vestem uniformes e arriscam suas vidas para continuar passando adiante essas bênçãos de liberdade.

Policiais e manifestantes em Dallas que desejam desesperadamente manter nossas crianças seguras. Pessoas que fizeram fila em Orlando para doar sangue porque poderiam ter sido seus filhos, suas filhas naquele clube. Líderes como Tim Kaine, que mostram a nossas crianças como decência e devoção devem ser. Líderes como Hillary Clinton, que tem a garra e a graça de seguir retornando e aumentando as rachaduras no mais alto e difícil teto de vidro, até que ela finalmente o atravessa, erguendo a todos nós junto consigo.

Essa é a história deste país, a história que me trouxe até este palco hoje à noite, a história de gerações de pessoas que sentiram o chicote da escravidão, a vergonha da sujeição, a ferroada da segregação, mas que seguiram aguentando e esperando e fazendo o que precisava ser feito para que, hoje, eu acorde toda manhã em uma casa que foi construída por escravos, e assista a minhas filhas – duas belas, inteligentes e jovens mulheres negras – brincando com seus cães no gramado da Casa Branca. E graças à Hillary Clinton, minhas filhas – e todos os nossos filhos e filhas – agora podem ter como verdade que uma mulher pode ser Presidente dos Estados Unidos.

Então não deixem alguém jamais dizer a vocês que este país não é grande, que de alguma forma precisamos torná-lo grande novamente. Porque este, exatamente agora, é o melhor país da Terra. E enquanto minhas filhas se preparam para explorar o mundo, eu quero uma líder que é merecedora dessa verdade, uma líder que é merecedora da promessa de minhas meninas, e da promessa de todas as nossas crianças, uma líder que será guiada todos os dias pelo amor e esperança e pelos grandes sonhos impossíveis que todos nós temos por nossas crianças.

Então, nesta eleição, nós não podemos nos sentar e esperar que tudo se encaminhará para o melhor. Nós não podemos nos dar ao luxo de estar cansados ou frustrados ou cínicos. Não, me escutem – entre agora e Novembro, nós precisamos fazer o que fizemos há oito anos e há quatro anos: nós precisamos bater de porta em porta; nós precisamos de todos os votos; nós precisamos derramar até a última gota de nossa paixão e nossa força e nosso amor por este país, para eleger Hillary Clinton como Presidente dos Estados Unidos da América.

Vamos ao trabalho. Obrigada a todos, e Deus os abençoe.


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Roteirista, apaixonado por narrativas. Editor e podcaster do Além do Roteiro.

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