Dois meses depois do primeiro texto de recomendações, você já teve algum tempo para explorar os 5 canais indicados. Se não teve ou chegou agora, pode acessá-lo aqui. Porque agora vamos para mais cinco recomendações de fontes para estudar cinema, televisão, e a arte de contar histórias em geral.

Começo com um trabalho nacional bastante recomendado nos comentários do texto anterior.

Entre Planos

O Entre Planos não é o maior canal de cinema do Brasil, o que talvez aumente a relevância por ter sido o mais comentado nos compartilhamentos da última lista.

Outros canais apresentam inúmeros formatos: críticas, rodas de discussão, especiais, alcançando um público enorme com suas variadas propostas. Não é o caso aqui. O canal liderado pelo Max Valarezo é focado nos vídeo-artigos, ou “Video Essays” que tornaram Nerdwriter, Lessons from the Screenplay e muitos outros famosos. Esse é o meu formato favorito e o Entre Planos faz um excelente trabalho, tanto nas análises como na edição dos vídeos.

A página inicial do canal já traz uma lista dos vídeos mais vistos para você ser “iniciado”, pode mergulhar. Mas minha recomendação será um vídeo recente, fora da lista:

Primeiro tenho que elogiar a ousadia. O Max se meteu a analisar o filme líder do ranking do IMDB, Um Sonho de Liberdade. O fez de forma belíssima.

Plano Aberto

Saindo pela primeira vez do Youtube, não é só aqui no AdR que tem textão sobre audiovisual, claro. O Plano Aberto faz em texto um pouco do que falei acima de alguns canais. Tem crítica, especiais, análises, entre outros formatos. Falam de cinema, televisão, literatura, música… é uma casa das artes.

Assim como os vídeo-artigos compõem meu formato preferido no Youtube, as análises relacionando a técnica e temas profundos na trama são meu “ponto fraco”, e é o que você pode encontrar no Canto Cult, uma das seções especiais do Plano Aberto.

O elogio principal vai para a capacidade de falar da câmera, destacando o trabalho de diretores e diretores de fotografia. O exemplo que trago é a análise de O Abutre:

Mas é por meio dos relacionamentos de Lou que percebemos a proposta de Gilroy com seu filme. Observem, por exemplo, que o personagem mais humano de O Abutre é justamente o que não assiste televisão, Rick, o assistente do principal. Inclusive, a diferença entre os personagens é muito bem estabelecida no momento em que ambos filmam um confronto entre a polícia e criminosos numa lanchonete. Quando o filme nos mostra a visão de Rick, há uma maior preocupação com o ambiente, que pode ser vista no olhar preocupado e fala insegura do personagem, além de podermos observar que todo o plano está focado em boa parte da cena. Já quando acompanhamos o confronto sob o escopo do protagonista, o foco é todo na tela de sua câmera, com todo o ambiente em volta desfocado, ressaltando sua sede pelo registro da violência, seu ganha pão. A cena, inclusive, mais uma vez usa a iluminação verde no rosto de Lou para destacar sua motivação, tornando o momento ainda mais rico de significado. – Matheus Fiore, Plano Aberto

http://www.planoaberto.com.br/2017/o-abutre/

Existem outras análises ótimas, como a de um dos meus filmes favoritos dos últimos anos, Os Suspeitos, de Denis Villeneuve, mas vou guardar para uma surpresa no final.

Revista Moviement

Em minhas andanças pelo Medium, plataforma onde também mantenho alguns escritos, conheci essa publicação. Notei que alguns nomes renomados no meio crítico participam, como Fábio Rockenbach. “Pera, deixa eu prestar atenção nessa parada.” A Revista tem uma equipe fixa e conta com contribuições de leitores, formando um dos espaços mais diversos na quantidade de gente brasileira falando sobre cinema com qualidade.

Como exemplo, é difícil destacar um texto sobre o analisadíssimo Taxi Driver. Um dos filmes com mais críticas e estudos Youtube à fora. Ainda assim, é o que eu vou fazer:

Táxi Driver

Se não foi suficiente, eu vou deixar a Moviement falar por mim. Dá uma olhada nesses especiais:

Especial Western

Especial O Poderoso Chefão: A Família, o Reino e o Poder

Just Write

Just Write é um canal de 2 anos, mas que viveu um hiato, até retornar com força total há dois meses. Com esse vídeo aqui:

É excelente. Técnica de escrita, conceito, profundidade. Sage Hyden, o autor, visa aprender (e compartilhar) sobre a escrita de histórias a partir dos acertos e erros de filmes. Ele consegue, apenas nesse vídeo, implicar esse desejo, enquanto explica o conceito de Bathos, grande responsável pelo constante clima já enfadonho de humor acima de tudo nos filmes da Marvel. Ainda mostra como Mulher Maravilha supera esse problema.

É muito para um vídeo, o que mostra o valor do canal. Como não são tantos vídeos, vou deixar os outros para você explorar.

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MTS Films

Matthew Scott é um colorista e diretor de fotografia. Calma, você não deveria conhecê-lo. Em seu site estão destacados projetos pessoais espalhados pelo Vimeo. Se você ama fotografia ou trabalha com ela no audiovisual, fica a recomendação. Tem textos sobre tecnologias, ferramentas e técnicas. Mas ele está aqui por conta de dois textos. Lembra que falei que Os Suspeitos ficava para o final?

Os Suspeitos

Aqui, Matthew mergulha no trabalho de Roger Deakins, diretor de fotografia do filme, em parceria com Denis Villeneuve. Ele destaca várias cenas do filme, dissecando cada lente, cor e ângulo utilizado para gerar os efeitos desejados no longa. É um estudo de caso extenso, detalhado e brilhante para quem quer ver conceitos como triângulos e a regra dos terços em ação no cinema.

Essa rica análise fez tanto sucesso que Matthew resolveu fazer uma segunda, dessa vez sobre o Capítulo 1 de Bastardos Inglórios:

Bastardos Inglórios

Separe um momento do dia e explore essas duas análises. Garanto que sairá com muito aprendizado.

Agora são dez recomendações ao todo, de trabalhos que estão sendo produzidos, que podemos acompanhar junto com nosso processo de aprendizado em histórias, seja para roteiros ou para as muitas outras disciplinas do audiovisual. O bom é saber que o conteúdo disponível não acaba aqui. Na verdade, só cresce. Não estranhe se em dois meses eu voltar com mais cinco recomendações. Bons estudos!


Você também pode ler nossas análises de filmes e séries aqui.

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Roteirista, apaixonado por narrativas. Editor e podcaster do Além do Roteiro.


Yann Rodrigues

Roteirista, apaixonado por narrativas. Editor e podcaster do Além do Roteiro.

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