Criando um padrão para as reviews, vamos começar com a lista de suspeitos. Para nossa visão sobre Naz, Andrea, o homem no posto de gasolina e o homem que os viu entrando em casa, não há novidades. Só não era possível incluir o padrasto de Andrea, Don Taylor, apenas pelo primeiro episódio. Agora podemos.
O fato de Don não aparecer no primeiro episódio enfraquece a hipótese. Simplesmente por ser uma solução para o roteiro dada em outro instante, não estar contida no mesmo bloco da história. Mas não podemos descartá-lo completamente, dadas as demonstrações de distanciamento, de uma relação ruim, do padrasto com Andrea.
O mais interessante é que ele usa casacos pretos de couro. Tal qual um motociclista. No piloto, um motociclista parou em um sinal de trânsito junto à Naz, enquanto esse fugia da casa no táxi. Por que a série focou aquela encarada? Poderia ser Don? Nesse caso a hipótese ganha força – ou, pelo menos, fica mais divertida.
Sigamos, pois como diz o título, devemos entrar em uma câmara escura.
Personagens
Não se esqueça do detetive Box. Ele tem pouco tempo de tela no episódio, contudo, é o suficiente para personagens muito bem escritos e interpretados. A primeira cena do detetive é mais uma das aulas que The Night Of nos dá sobre a arte de contar histórias, desta vez sobre diálogo.
O personagem de Bill Camp explica à dupla de policiais que primeiro viu a cena do crime a importância de não esconder o vômito do novato ao ver o corpo no relatório. Ele poderia apenas dizer “não podemos esconder qualquer detalhe, pois cada erro da polícia fortalece a defesa de Nasir”. Todo o conteúdo necessário está nessa frase, que talvez pudesse ser até mais curta.

Repare como Box não está só entre os policiais como acima, reforçando a hierarquia que a fala já sugere
A resposta de Box, no entanto, é longa. Ele conta uma história, da mesma forma que acusação e defesa contarão no tribunal:
“Policial Robert Maldonado, recém saído da Academia. Presencia uma cena de crime e sai vomitando. E por que não deveria? É um policial novo, acabou de ver seu primeiro cadáver. Agora, Nasir Khan pode muito bem ser um ser humano, mas Andrea Cornish também era, e Robert “Bobby” Maldonado também é. Então, você vomitando… absolutamente, mantenha no relatório.”
Quais são as lições desse diálogo?
- Entendemos o conteúdo, mas isso não significa que ele deva ser apresentado sempre com a frase mais simples possível. Existem situações onde um olhar comunicará melhor. Em outras, uma história. Essa escolha fala sobre a personalidade do personagem, constrói seu caráter, enriquece seu enredo.
- Pensar em formas interessantes de se dizer um mesmo conteúdo aumenta a força do mesmo. Perceba como a forma com que Box convence o policial é mais contundente do que seria o uso apenas da frase resumida que apresentei acima. Ele até cria na hora um apelido para o policial, “Bobby” (diminutivo de Robert), infantilizando seu subalterno para garantir que ele faça o que manda. Temos um texto sobre diálogo no forno, mas fica aqui a provocação.
Aqui, temos as duas funções compreendidas (até porque, se a frase é diferente apenas para ser legal, sem um motivo por trás, geralmente o público fica cansado). A história de Box mostra a insegurança que ainda reside nele sobre o caso, conforme já vinha sendo notado em Subtle Beast. O relatório policial e toda a investigação não podem conter erros, pois a denúncia não é assim tão segura quanto ele gostaria que fosse.
A segunda cena do detetive reforça seus sentimentos de dúvida, enquanto olha as fotos da infância de Naz. É difícil crer no encaixe entre o crime cometido e o perfil do rapaz. Qual será o efeito dessa insegurança nas próximas decisões de Box? Qual será a consequência no julgamento?
Antes de entrar nos próximos personagens, é importante salientar algo sobre The Night Of a partir dos dois pontos destacados sobre o detetive. A série é lenta pois toma seu próprio tempo para construir conceitos e personagens. Nós já recebemos informações de insegurança na resolução do detetive sobre o crime no episódio “Subtle Beast”. Em uma série comum, ao final do episódio, ou no máximo no seguinte, já teríamos o impacto dessa decisão.
A vida real não é assim. Refletimos sobre uma questão importante por dias, meses ou anos, voltamos a ela após cinco, dez, cem incentivos diferentes. É assim que nossa vida se constrói, e é assim que a construção de grandes personagens ocorre, com verossimilhança. Eventos significantes, quando não são puramente aleatórios (como um acidente de carro), têm raízes históricas profundas, que nos martelam até uma decisão. Em uma história, cada repetição desses incentivos é uma promessa da decisão que está por vir.
Repare na repetição de promessas que ocorre em Breaking Bad, ou na primeira temporada de True Detective. Walter White leva cinco malditos anos para definitivamente cumprir a promessa chave que dá nome à série. O roteiro de The Night Of está nos prometendo que Box terá uma decisão pela frente quanto a seu papel na investigação do assassinato de Andrea, quanto a seu instinto sobre Naz.
Em uma história com esse ritmo, navegar pelo terceiro episódio é navegar pela tensão de querer respostas para as fortes perguntas deixadas anteriormente, e lembrar durante o percurso que ainda é cedo. A história ainda tem o que construir. Nenhum elemento novo da investigação é apresentado em “A Dark Crate”. Nenhum caminho é apressado.
É assim que novos personagens, como os taxistas sócios de Samir Khan, aparecem. No segundo episódio, estranhei a não apresentação de qualquer reação do pai ao fato de Naz ter levado o táxi. Esse acontecimento tinha duas possibilidades: ele ainda não sabia sobre o ato do filho; ou ele sabia, e essa conversa (seria com Nasir ou com algum policial) não foi exibida.
Comentei no último texto que esse foi um buraco na história. O que ficou claro no terceiro episódio é que a conversa não foi mostrada porque não é relevante. Ela seria extremamente importante rumo a um conflito entre pai e filho. Mas esse não é o sentimento de Samir. Ele não está em rota de colisão com Naz (ao menos por enquanto, não pelo táxi). Repare na transição de cenas abaixo:

Mais pra direita…

…mais pra esquerda
Naz está um pouco à direita do centro, Samir um pouco à esquerda. Suas posições, isoladamente, poderiam indicar que ambos são adversários, mas os outros fatores mostram justamente o contrário. A transição conecta as duas posturas, quando ambos olham para baixo, com a mesma direção, o corpo virado da mesma maneira para o espectador. Ao invés de uma adversidade, a transição mostra uma projeção – ambos caberiam na mesma cena, no mesmo enquadramento da câmera, pois ambos compartilham os sentimentos contidos naquele momento.
Entretanto, se o pai está resoluto na defesa do filho, para onde vai o conflito? Para os sócios.

Hey, só quero meu táxi.
É uma grande sacada, pois complementa o papel dos pais de mostrar o impacto do sistema criminal como um todo. Eles não são só “vítimas das consequências para a família” (como na cena de “Subtle Beast” em que o notebook que não era de Naz foi levado). Eles são também os olhos para o impacto geral: a relação da família com amigos (os sócios); com a comunidade (as notícias de um muçulmano acusado de homicídio na imprensa e a conexão automática com a religião); a própria posição dos familiares na visita ao presídio, com as revistas invasivas, o tratamento dos funcionários e a situação de ver um familiar (o filho) preso.
Falando em Samir e Safar, a trama se apresenta de uma forma riquíssima para ambos. Além da lente que representam, ainda são colocados com uma decisão em mãos, a escolha do advogado. Entender essa relação ajudará a entender o nome do episódio.
A cena com John Stone é um dos socos no estômago que temos ao longo dos 60 minutos. Imaginando-se no lugar dos pais, como será estar na situação de não ter dinheiro para pagar um advogado para o filho? Ainda mais quando a abordagem é tão… deslocada quanto à de Stone. Ele já não transmite confiança, tem um trato duro nas conversas anteriores, carrega o eczema nos pés (que, naturalmente, gera preconceito contra ele). E fala do gasto necessário para o processo lembrando que a casa deles é própria, mesmo que não tenham o dinheiro.
Mas o foco aqui é nos familiares, e é evidente o desconforto gerado pela conversa. Eles ficam reticentes de assinar com Stone, naturalmente, atitude recompensada pelo aparecimento de uma nova jogadora, Alison Crowe. A advogada soa como uma salvadora, com uma imagem que passa mais confiança, com a presença da jovem Kapoor para ajudar na simpatia com os pais, e, principalmente, oferecendo fazer o serviço gratuitamente, mesmo após confirmar que o preço normal do processo seria cinco vezes o cobrado por Stone.
Ainda é pouco claro o que Crowe espera ganhar com o potencial midiático do caso – apenas fica claro que tem relação com esse potencial.
Minha única dúvida quanto aos pais, nesse momento, é se eles aceitaram mais facilmente o serviço de Crowe pela imagem que ela passou, ou se foi simplesmente por esse serviço ser de graça – e também não sei o que isso quer dizer, em caso afirmativo. Mas pode ser revelador. Sabe por quê? Chandra Kapoor, a funcionária usada por Crowe, é de origem indiana. Os pais de Nasir são paquistaneses. O histórico das duas nações é de guerra, e o presente permanece nada amistoso. De alguma forma eles passaram por cima disso. Será tão simples assim?
Mas deixemos esse espectro que só levanta dúvidas de lado, para olhar para o outro lado, de quem você deve querer falar desde o princípio. John Stone.
O episódio é dele. Quantas cenas incríveis do ator John Turturro. Sua trama parte de uma cena no banheiro, com um funcionário da promotoria. Ele enriquece as informações que tem sobre o caso, o combustível necessário para determinar o preço que cobrará dos pais de Naz.
Passamos boa parte do 2º episódio, “Subtle Beast”, escutando uma promessa através de outros personagens. Stone não é um advogado do nível do caso, estava na hora certa no lugar certo, pretende subir na carreira ou ganhar o dinheiro que nunca ganhou nessa oportunidade única.
Então, a conversa com os pais. É desconcertante, constrangedora. Dá uma certa raiva do advogado, como se fôssemos traídos pela sua vontade de ganhar dinheiro. Queremos vê-lo atuando na defesa de Naz, com seu sarcasmo, apontando as inconsistências do sistema. A forma como ele vai reduzindo o preço (de 70 mil para 50 mil dólares) faz a vida do garoto parecer objeto de um leilão às avessas, enquanto comenta o descaso que um defensor público teria.

A escolha de posição da câmera, que pode ter relação com a iluminação conseguida para a cena, também revela como enxergamos John apenas pelo ponto de vista do pai, que assume a conversa e a negação pelo dinheiro. A câmera jamais se posiciona do outro lado, do ponto de vista da mãe.
Ao mesmo tempo, precisamos lembrar que, enquanto Stone dissera que o caso valeria pelo menos o dobro de sua oferta inicial, Crowe afirma que valeria cinco vezes a oferta final, 250 mil dólares. Stone de fato tinha um preço “abaixo do mercado”, talvez por sua falta de reputação e necessidade financeira. Será que podemos encaixá-lo como insensível, mercenário? Sua oferta realmente abaixo do preço não leva em nada sua simpatia ao jovem muçulmano?
John segue para a conversa com a promotora do processo, onde sugere um acordo (tal qual disse que um defensor público faria). The Night Of apresenta muitas ironias parecidas (como Naz ser pego por um crime que realmente comete, dirigir embriagado, enquanto tenta escapar de uma cena de crime em que é inocente – supostamente). No entanto, mais uma vez, é difícil acusar John de hipócrita, quando ele poderia estar apenas conseguindo informações sobre o processo. Ele disse aos pais que só poderia trabalhar em favor de Naz após a assinatura do contrato, e logo vemos como a frase foi apenas um discurso.
Saímos dos incômodos de Stone para seu lado menos advogado, mais pessoal. Novamente seus pés são colocados em evidência (que fixação com os pés). Ele deseja conseguir usar sapatos nas audiências, ainda que não seja recomendado. Também os cobre para visitar a casa de Andrea. Este é um dos momentos chave do episódio. Enquanto anda pela cena do crime, o advogado pela primeira vez toma dimensão da violência de que só ouvira falar, com as manchas de sangue na parede. Ao mesmo tempo, é a primeira pessoa a notar o portão dos fundos – não trancado.
Uma história comum usaria esse momento como uma catapulta. Stone perceberia o significado do acontecido com a velocidade de Sherlock Holmes, sairia gritando que o portão não estava trancado, confrontaria Box, e de repente todo o caso mudaria. O clichê do “eureka!”, e nada de realidade. Não é assim com The Night Of. Talvez o personagem de Turturro nunca perceba a dimensão da cena que acabou de ocorrer para o caso.
Além de descobrir o portão, ele vê o gato, que percebe ser frequente da casa. Em mais uma ironia da série, o felino não se incomoda com os pés de John. Logo ele, também alérgico a gatos – Naz, Box, agora John; todos os nova iorquinos são alérgicos a gatos?

O gato nos pés de John. O tempo das notas da trilha sonora é sincronizado com o chicoteio do rabo do gato no chão. Uma atenção quase irritante aos detalhes.
Ele trabalha no caso, e também se preocupa com Nasir. A série não só usa de ironia, como mantém a capacidade de construir personagens com múltiplas camadas. Enquanto compra roupas para o garoto na prisão (o único a fazê-lo) e se prepara para visitá-lo, vamos aos poucos diluindo a raiva pela conversa com os pais, e vendo que não é tão claro assim até onde ele precisa da oportunidade, e até onde ele simplesmente se importa.
A conversa com Naz é tocante. A atuação de Turturro impressiona, dá para sentir a decepção e tristeza do advogado, recuperando a empatia que sentimos por ele ao saber que não é mais advogado do rapaz. Quando tenta oferecer um último conselho e não consegue, se torna ainda mais palpável o quão perdido ele fica com a notícia.
Com a queda, vemos momentos de raiva, quando confronta Kapoor por ter perdido seu cliente. Em paralelo, os taxistas recebem o cartão do advogado para acusar Nasir de ter roubado o veículo. De repente, o destino (vulgo roteiro), em mais uma ironia, dá a chance de uma vingança a John pelo cliente perdido. Ainda sem saber da possibilidade, ele passa pela casa de Andrea novamente e encontra o gato. O leva para um canil, onde o bichano terá 10 dias para conseguir um novo dono antes de ser sacrificado.
Os 10 dias soam como um prazo, mais uma promessa da série. É tempo o suficiente para Stone entrar em rota de colisão com a defesa de Naz e voltar. Seu papel na defesa não parece terminado, especialmente com as informações que só ele coletou. Assim como o gato não parece ter encontrado seu fim. Mas já deu a hora de falarmos da prisão, Riker’s Island.
As cores e Naz
Em “Subtle Beast”, a cena do muro vermelho me impressionou, e parecia o único lugar onde essa cor entrava na paleta de cores da série. Mas no 1º episódio, The Beach, houve um vermelho evidente: o sangue de Andrea, além da decoração de sua casa à noite.
Na prisão, a primeira coisa que vemos é uma porta, de vermelho ainda mais forte. Ao longo do episódio, vemos grades vermelhas – especialmente as usadas por Freddy, o novo destaque que parece reinar na prisão.
Podemos concluir que o vermelho não é só um extra na escala de cores e fotografia da série. Ele tem significado. Um exemplo clássico de cores com significado é Matrix. O tom das imagens é azulado, quando no mundo real, e esverdeado, quando no mundo virtual. Vamos repassar onde o vermelho se destacou até aqui:
- Episódio 1: a casa de Andrea. É basicamente aqui que a cor, não só aparece, como prevalece com as luzes do lugar. Seguido o vermelho do sangue da mão de Andrea. O que acontece depois? Descobrimos um homicídio. Os últimos tons dessa cor no episódio se trata do ambiente coberto dos vestígios sanguíneos da garota.
- Episódio 2: vermelho na parede da casa de Andrea, quando Box investiga. Ainda o resultado do homicídio. No muro que destacamos no último texto, atrás de Stone.
Nos exemplos da casa de Andrea, um possível contexto para o vermelho se destaca: violência. Se assumirmos que a cor tem esse significado, percebemos que a cena inteira na casa de Andrea premedita um ato de violência, o que faz sentido, pois estamos nos aproximando do momento de encontrar o corpo morto da garota.
As cenas de Box ou John olhando a parede (esse último no episódio 3) mostram o ambiente onde ocorreu a violência, então a relação continua clara.
No caso do muro em Subtle Beast, a coisa fica mais subjetiva. Pode ser que Stone não enfrente uma violência física. No episódio seguinte, ele sofreu um golpe, perdendo o cliente para Alisson Crowe. O vermelho aqui pode ter premeditado o golpe, como uma violência subjetiva.
E por que isso interessa? “A Dark Crate” não começa com o destaque no preto, apesar do título. Começa com destaque no vermelho, em uma porta na prisão. Um vermelho tão vivo quanto o muro do capítulo anterior.

A cena seguinte é Naz com uma funcionária, e a porta ao fundo. A porta não é aleatória, o garoto está do outro lado da parede.
Segundo a hipótese da violência, a prisão será um ambiente de ameaça e realização desse significado, o que é até óbvio. Vemos o processo de entrada de Naz no sistema. Ao longo de todas as cenas da prisão, um elemento aparece com um tom rubro menos perceptível. As barras das grades – as que Freddy, o novo personagem e aparente rei do local, sempre aparece segurando, se apoiando enquanto olha o pátio de cima (vide a imagem de capa do texto).
Temos então um ambiente com promessa de violência e, dentro do ambiente, uma conexão dessa violência à Freddy.
O tempo na prisão reforça a promessa. Nasir precisa se adaptar à insegurança do local, à medida em que se torna uma celebridade pelo crime de que é acusado com destaque no noticiário, por ser um muçulmano de verdade (e com isso ter acesso a uma comida mais agradável). Todas as cenas da prisão, ou melhor, todo o fluxo narrativo em volta do protagonista se alimenta de tensão, como destacado no primeiro episódio.
Ele é quase espancado enquanto dorme, mas um guarda aparece a tempo. Ele recebe olhares tensos no banho – e a música e o enquadramento (posição da câmera) nesse momento exercem grande papel na escalada da tensão. É convidado por Freddy, que conta a história da câmara escura, da situação do novilho, com a comparação evidente ao novato na prisão.
O garoto está em uma câmara escura pois está num ambiente extremamente hostil. Sua inexperiência nesse ambiente acrescenta “escuridão” para o contexto. Está em uma câmara escura pois perde John, a única pessoa que o amparou de fato desde o pesadelo com Andrea. Ele sequer conhece a nova advogada, o exemplo perfeito de estar na escuridão.
Por fim, a promessa de violência que é escalada no episódio chega ao clímax. Nasir vai ao banheiro. A câmera foca o espelho. Nós sabemos o que vai acontecer. Filmes de terror nos ensinaram, filmes de suspense, policiais, todos nos ensinaram que em um instante um reflexo se revelara, alguém aparecerá por trás. Sentimos o cheiro do final do episódio, podemos quase ouvir os passos de um ou um grupo vindo espancar Naz. Tudo na nossa imaginação.
The Night Of não nos entrega a violência. Corta a nossa garganta pela promessa. Um barulho de confusão, o garoto retorna ao pátio e sua cama é incendiada. Presos à volta explicitando que o tempo dele está acabando. A promessa de violência está aqui não só na fotografia e nos eventos para anteciparmos o óbvio, como na abertura da série. Aqui ela é usada para fechar o caminho de Naz. Agora, só há uma alternativa – recorrer à Freddy.
Mas quem disse que recorrer a ele é escapar da violência?
Gosta da série? Você pode ler as reviews dos outros episódios de The Night Of aqui.
Inscreva-se para receber os novos textos do Além do Roteiro
Roteirista, apaixonado por narrativas. Editor e podcaster do Além do Roteiro.